É impressionante como um filme feito em 1999 ainda pode ser relevante nas críticas feitas aos males da modernidade. A obra dirigida por David Fincher se destaca pelas críticas ácidas feitas a certos males presentes em nossa sociedade. A adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Chuck Palahniuk, consegue tocar nas feridas de uma sociedade marcada por um vazio existencial e falta de propósito. Mesmo passados mais de 20 anos de seu lançamento o filme trata de questões que nos assombram até os dias atuais. Não é à toa que se tornou um verdadeira clássico cult do cinema.
A definição de clássico pode-se entendido como algo se perpétua no tempo e espaço. Em outras palavras, consiste numa obra atemporal, que consegue possuir relevância mesmo com o passar do tempo. Há vários elementos que tornam o filme de Clube da luta marcante. Como seu incrível plot twist, a incrível atuação de Brad Britt e a direção brilhante de David Fincher. Mas, é principalmente por conta do roteiro que a obra se consolida como um clássico temporal, visto que o filme assim como no livro, traz um retrato obscuro da sociedade moderna. Os demônios que enfrentamos hoje são os mesmos que assombrava Tyler.
Os demônios da modernidade
O mais assustador no personagem do Tyler Duncan é que ele não é uma pessoa totalmente desamparada. A situação dele podia até ser pior, já que ele não é um sem teto ou desempregado. Mas no filme pode-se perceber que apesar de ter um bom emprego, ele está completamente só. Além disso, o filme ainda destaca que ele não curte o trabalho. Logo, Tyler possui um lar, emprego, mas toda a sua rotina e solidão o vai destruindo aos poucos. Um dos sintomas do cotidiano autodestrutivo de Tyler é a insônia. Não há nada mais importante para a nossa saúde do que uma boa noite de sono.
Outra sintoma malefício vindo da rotina de Tyler é o consumismo. Quem nunca de nós já não compramos algo que não precisávamos. Parecemos até seres irracionais em busca de uma boa sensação passageira. O mais assustador é que já fomos ou somos vítimas disso e as vezes nem sequer demos conta. Na verdade muitas das atitudes que tomamos são para nos sentirmos mais vivos. Contudo, no final elas só servem para escancarar o quão doente está nossa sociedade. Marcada pelo vazio existencial, procurando preencher o oco da sua alma com futilidades que em nada nos acrescenta.
Todas as feridas tocadas pelo filme feito no final dos anos 90 são as mesmas de hoje. E o mais assustador é que todos esses demônios apresentados pela obra ainda nos assombram nos dias atuais. Nossos demônios são os mesmos e estão mais fortes do que nunca.