O hype como aliado e inimigo do lutador
O hype consiste num ótimo aliado para promover algo que seja vendável no mundo comercial que vivemos. É imprescindível gerar interesse no público para que se convença o consumo de um produto, principalmente quando este não é tão conhecido no meio. Por isso que no mundo dos games e do cinema os trailers têm ganhado cada vez mais destaque, pois são eles os responsáveis por criarem a expectativa no público consumidor. No MMA não é diferente a lógica na criação de expectativa e, isso é tão verdade, que não basta os lutadores trocarem porrada e conquistarem grandes vitórias, se quiserem alçar voos maiores precisam ser ativos nas redes sociais para atraírem a atenção do público.
Quem sustenta o MMA, ou seja, quem compra o pay per view para assistir os eventos, gosta da narrativa criada pelas rivalidades, aprecia os personagens icônicos como os gangsters irmãos Diaz, o falastrão Conor Mcgregor, o polêmico Sean Strickland, dentre outros. Contudo, o hype pode trazer malefício ao lutador, principalmente quando este ainda não tem seu nome consolidado. Maurício Ruffy, sofreu do ônus do hype na sua última luta no UFC 309. Apesar de ter vencido o duríssimo James Llontop numa decisão no Madison Square Garden e apresentado uma boa performance, ainda assim recebeu duras críticas de fãs nas redes sociais por não ter atingido as expectativas deles.
Quando o lutador se torna vítima do próprio hype
Para se ter uma ideia da dimensão do hype que se criou em torno do brasileiro, Ruffy confessou no canal MMA Hoje, que Caio Borralho disse após a luta, que estavam esperando que seu parceiro de treinos iria assoprar para fazer o peruano cair. Outro lutador vítima das expectativas altas foi Khamzat Chimaev, especificamente depois de ter tido uma guerra contra Gilbert Burns no UFC 273. O Lobo que sempre atropelava seus adversários com aparições dominantes, acabou sendo humanizado pelo brasileiro, ainda conseguindo vencer numa decisão.
E o mais recente a provar o efeito amargo do próprio hype foi Shavkat Rakhmonov ao demonstrar dificuldades para vencer Ian Garry numa decisão apertada. O cazaque antes tinha vencido seus combates sempre com alguma interrupção, seja com nocaute ou finalização. Mas como o desfecho não foi o mesmo de sempre e a performance de Shavkat também não foi tão empolgante, logo os fãs se mostraram frustrados com o desempenho do cazaque. Porém, a verdade é que no universo da luta não há lutador invencível. Até as maiores estrelas do esporte, enfrentam dificuldades e imprevistos, mesmo com atuações dominantes. Quem não lembra da chave de braço justíssima de Vitor Belfort em Jon Jones?
A Complexidade do MMA: Fatores que influenciam o resultado da luta
É preciso que o público tenha em mente que diversos fatores influenciam no resultado de uma luta. Na verdade, o combate para o lutador não se inicia exatamente ali no octógono. A luta já começa no camp de preparação se desenrolando no corte de peso e na cerimônia de encarada. Importante também destacar, que é praticamente impossível o lutador estar sem algum tipo de lesão no dia da luta. Lesões, dieta, corte de peso, vida pessoal, guerra psicológica, e acima de tudo, a pressão de vencer. Todos esses são elementos que vão determinar o resultado de uma luta, e que muitas vezes não são levados em consideração.
Sabemos que os fãs são movidos mais pela emoção do que a razão. Mas a expectativa desproporcional criada em cima de algum lutador, acaba por gerar uma decepção imensa quando o desfecho da luta não é o esperado. Isso porque a mãe da decepção é a expectativa. Por isso os fãs devem entender que no MMA há uma chance enorme dos acontecimentos esperados não ocorrerem, sendo criada uma quebra de expectativa. Mas é exatamente a alta capacidade de imprevisibilidade que torna esse esporte de combate tão apaixonante e fascinante, devido a todos essas variantes que o tornam complexo.
